quinta-feira, 18 de junho de 2015

Crônicas do Frio (18) - A Transexualidade

A Transexualidade


Não quero falar. Vocês pensam que sabem, mas não sabem.
Não vou dividir. Vocês dizem que entendem, mas não entendem.

É bom e é legal ver e ouvir coisas sobre o que acham que sou.
É tão importante para os outros que digam coisas ao meu favor.

Não quero falar. Eu entendo o esforço em ajudar, mas não ajudam.
Não vou dividir. Eu percebo o sacrifício em me proteger, mas não protegem.

É bom e é legal sentir o amor de vocês por alguém que acham que eu me tornei.
É tão importante para mim que me recebam independente de tudo por isso nem questionei.

Me tratam como um animal exótico.
Me tratam como um artefato biológico.
Me tratam como um ser aquém da natureza.
Me tratam como um pierrot triste na fortaleza.
Me tratam como um doente sem recuperação.
Me tratam como um coitado sem determinação.
Me tratam como um presente de grego no país de Tróia.
Me tratam como um ser humano perdido e sem escapatória.
Me tratam como um aleijado de passado, presente e futuro.
Me tratam como um surdo-mudo correndo no escuro.
Me tratam como um principezinho bancando a donzela.
Me tratam como um menininho que possui uma mazela.
Me tratam como um velhinho que precisa de muleta.
Me tratam como um bebezinho que perdeu sua chupeta.

Me tratam... Me tratam...
Maltratam... Maltratam...

Não quero falar. Vocês pensam que sabem, mas não sabem.
Não vou dividir. Vocês dizem que entendem, mas não entendem.

É bom e é legal e tal... Eu me olho e não me vejo – percebe o desespero? Só eu sei quem sou.
É tão importante, eu sei, mas não sou especial, olhem para mim como igual por favor.

Não quero falar. Eu entendo o esforço em ajudar, mas não ajudam.
Não vou dividir. Eu percebo o sacrifício em me proteger, mas não protegem.

É bom e é legal sentir o amor de vocês por alguém que acham que eu me tornei.
É tão importante para mim que meus pais me recebam... Mas sou mais que o sexo.


E todo ser humano passa por esse estado de mudança que atravesso.
Não preciso que me desvendem, só deixem eu me encontrar.

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O Mala, O Feliz e O Vil do Amor


Ira desvairada! Leio, ouço e assisto... 
Ah, caralho, não acredito!
Esse mala falha que nem de longe em Cristo resvala.
Toma sabão e lava a língua, tralha!

Vergonha declarada! Até de nervosismo eu rio, admito...
De verdade, velho! Se não, regurgito!
O Vil-do-Amor não cura sua cara de pau.
Cura o mundo, mas quando quebra um osso (ah! Vil-do-Amor) corre logo pro hospital.

Ê, povo que odeia a felicidade alheia...
Amai ao próximo, que nada! O negócio é criar guerra com a sociedade inteira!
Aí me põe o anão Feliz, com lentes nos dentes, fazendo o papel da madrasta!
É tanto absurdo, que dessa felicianidade eu já dei um basta!

Transformados? Transfigurados? 
O livro se contorce, geme e treme!

Transviados! Transtornados!
Se vão para o céu, que o inferno me condene!


(Tsc! Gastei minha criatividade em forma de desabafo!)



#PHpoemaday

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