domingo, 27 de dezembro de 2015

Crônicas do Frio II (27) - O Oco

Geração Tulipa


Precisamos de um pouco mais do soro da idade. Entender que, às vezes, um mais um é dor. Que dividendos resultam vaidade e podem restar saudade. Ordens de fatores alteram, sem comutação, associação ou distribuição do que se sente.

Ah! Um soro da idade para aprendermos. Afinal, não é todo mundo que aguenta uma tulipa no meio das pernas. Não precisamos sacrificar o útero sempre que achar o errado no mundo – o mundo não é só um –. Que, graças a Deus, não somos santos. Aceitar que o desejo vem antes do amor e que conhecer língua alheia não é absurdo; estudar cada expressão do idioma, se lambuzar em todos os lábios da linguagem, engolir em dialeto encharcado. Absurdo é esse mundo cada vez pau no oco, transformando pessoas em fantoches programados. Travados pela espada de Príapo que os conduz numa única direção, sugando com o buraco negro a Via Láctea para respaldo à malcriação – o todo sempre está errado e viva a revolução! –.

Ah, que essa adolescência tão terna encontre a fonte ao soro da idade, pelo amor dos deuses! E que observem que orgânico é diferente da cegueira, que somos os mesmo e vivemos e o que você vai ser quando você crescer. Que orifícios e domínios são, no final de tudo, besteira. Quanto mais à pressão der, mais vivemos de pressão – e olha só: com a fórmula certa, pode sim, ser por tesão –. Que abram os olhos aos olhares fugazes que sorvem a barba que delineia o queixo, provocando um malicioso sorriso; recíproco. Ser humano é pecado, é errado, é trôpego, é malfeito, é torto, é vagabundo; é belo ao grego e isso é lindo.

Um soro da idade para que a geração tulipa aguente firme a tortura da verdade a penetrar seu corpo esquálido, recitando o desafio: encontra a perfeição que há no teu próprio umbigo.
É o oco desnecessariamente preenchido, é o lugar incomum – os três poderes dos cachorros–. Um mastro de segurança entupindo o vazio. É o copo de cerveja transbordando sangue coagulado. É a rebeldia infantil. É o repúdio por repúdio. É a luta sempre por um fio – de cabelo com aquele creme de marca super na moda –. É a hora... É a hora...

– Benny! Vodka, água de coco? Pra mim tanto faz... Mas traz uma dose de soro da idade, por favor.



#PHPoemaday

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